Greta Thunberg: a sensação crescente em Portugal
- Inês Moura Pinto
- 20 de dez. de 2019
- 3 min de leitura
A jovem sueca é a porta-voz de uma geração que se recusa a herdar um planeta moribundo e serve de inspiração para muitos. Em Portugal, o grupo Extinction Rebellion adotou a causa e começou as greves estudantis pelo clima.

Em 2019, a emergência climática deu muito que falar, e protestar. Já se marcha em nome do planeta há alguns anos, mas foi recentemente que a revolução estudantil ganhou forma - inspirada no movimento “Fridays For Future” de Greta. Aquilo que começou como gazeta dos mais novos, rapidamente evoluiu para uma greve que move pessoas de todas as idades. Estudantis ou não, Portugal participou ativamente em quatro greves climáticas globais no ano que passou.
Já deu o toque e os estudantes ouviram-no: a primeira greve
O dia é 15 de março de 2019, é uma manhã veranil - fora do seu tempo - e toma lugar a primeira greve estudantil climática no país. É mais um dia de escola para muitos, talvez o pior de todos – uma sexta feira. Desta vez o som do despertador toca, mas deixam-se as mochilas carregadas de livros em casa e agarram-se os cartazes.
Antes da manifestação junto à Câmara Municipal do Porto, o grupo responsável pela iniciativa reúne uma última vez no armazém onde se fazem os cartazes. Ao longo do corredor, os cartões, pintados com frases provocadoras e alarmantes, vão-se amontoando em fila, como se de arte exposta se tratassem. Não têm medo de usar todas as cores visíveis do espectro para conferirem aos seus cartazes a atratividade de que precisam para chamarem à atenção. Uns misturam-nas todas na mensagem, outros destacam ideias a vermelho e laranja, mas as cores que predominam são o azul e o verde. O azul para a água, que é preciso limpar. O verde para a Terra, que é preciso salvar.
Bárbara Pereira, representante da greve no Porto, alerta para uma ação urgente: “o governo não pode adiar a situação muito mais, temos cerca de 12 anos para evitar uma catástrofe”. As reivindicações dos estudantes, emancipadas nos cartazes e pregadas na greve, vão desde o “fecho de centrais de energia nuclear” à “melhoria dos transportes públicos”. Bárbara reforça que as ações individuais são importantes, mas que “a mudança governamental é essencial”. Antes de partir em direção a um planeta melhor, promete: “vamos continuar a organizar estas manifestações até sermos ouvidos”.
O degrau superior do largo da estátua de Almeida Garrett serve, agora, como um pódio, de onde os líderes da greve a conduzem e a comunicação social a documenta. Os participantes organizam-se à volta dela, estendendo-se ao longo da Praça General Humberto Delgado. Não são muitos, mas fazem-se ouvir pela Avenida toda quando perguntam: “Senhor ministro, por que é que no inverno ainda faz calor?”.
Simão, que hoje faltou à pré-escola, carrega um cartaz azul quase maior que ele próprio. A mensagem, decorada com marcas de tinta amarela das suas mãos e um relógio de areia desenhado, pede para que “não roubem” o seu futuro.
Eventualmente, depois de duas horas ao sol, todos regressaram à escola e aposentaram as suas mensagens de protesto, pelo menos até à próxima greve.
Semana Mundial pelo Clima
Os dias de 20 a 27 de setembro ficaram, para a história que há-de ser escrita, conhecidos como a Semana Mundial pelo Clima. Ficou assim estipulado pela “Mobilização Global pelo Clima”, por se tratar da semana em que a Cimeira de Ação Climática, convocada pela ONU, iria decorrer em Nova Iorque.
Também aclamada de “Week For Future”, a Semana Mundial pelo Clima contou com cerca de 4500 protestos em 150 países, e trouxe novas reivindicações para atingir a sustentabilidade. No último dia, 27 de setembro, o Porto não ficou em casa e saiu em marcha com mais uma greve climática global.
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