Não se pode agradar a gregos e troianos, nem a Rosas Motas e Super Bocks. Mas uma coisa é certa: o Porto está a perder muito do seu património.
No dia 31 de outubro o Pavilhão Rosa Mota, outrora o Palácio de Cristal, passou a chamar-se Super Bock Arena. Estamos perante um problema recorrente de nomenclatura. Em dia de bruxas, quase parece maldição do próprio edifício.
Começa a ficar difícil contrariar este fenómeno. Os espaços precisam de obras (por vezes, porque alguém assim o ditou), as Câmaras não têm o dinheiro para os projectos e os “grandes” bancam. Mas nos seus termos. Não há melhor publicidade do que o patrocínio da marca estatelado em letras de metal na fachada do edifício. É um negócio eficiente, mas não agrada a todos.
Prova disso é que a atleta não foi à própria inauguração do espaço que supostamente a homenageia. Rosa Mota anunciou a sua decisão por carta à vereação e ao executivo da Câmara do Porto. Mas Rui Moreira pareceu não se importar muito e desvalorizou a polémica: “não me venham com complexos por haver um nome que está associado a bebidas alcoólicas”.
O presidente da Câmara do Porto argumentou ainda que é a primeira vez que o nome de Rosa Mota está efetivamente escrito no local, em vez de ser apenas conhecido pelos portuenses. Por outras palavras, para Rui Moreira, a situação podia ser muito pior.
Descaracterizar a cidade e os seus locais emblemáticos parece ser uma consequência inevitável no que toca a questões de interesse, porque, por dinheiro, tudo parece valer a pena. Neste caso, Rosa Mota foi a atingida, mas podia ser outra personalidade qualquer.
Mudam-se os tempos, mudam-se os nomes. Mas a cidade não esquece. Dificilmente algum portuense o vai chamar de Super Bock Arena. Embora demolido, continua Palácio de Cristal. Embora ausente, continua Rosa Mota.
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