4,5 em 5
Pony é o novo álbum de Rex Orange County, o artista britânico que com apenas 21 anos já vai no seu terceiro projeto musical. Tal como os outros dois discos, Pony, lançado em outubro de 2019, é um álbum sincero e sentimental porque Rex é um artista simples: escreve sobre o que sente, e resulta tão bem.
Conhecemos Rex Orange County pela primeira vez em 2015, quando Alex O’Connor, o verdadeiro nome do artista, lançou o seu primeiro álbum, Bcos U Will Never Be Free. Com apenas 17 anos, Rex estreou-se com um bedroom album, naturalmente amador e com um som mais cru. No entanto, isto não comprometeu a qualidade do álbum e a sinceridade de Rex Orange County não deixou indiferente quem o ouviu pela primeira vez em Bcos U Will Never Be Free. Pela primeira vez ficamos a conhecer aquilo que o carateriza: a voz nasal, a mistura de elementos de jazz, hip-hop e eletrónica, e, principalmente, a sinceridade e o sentimentalismo tão presente nas letras das músicas.
Em 2017, Alex O’Connor lançou Apricot Princess, o segundo longa-duração, e nesse mesmo ano é convidado por Tyler, The Creator para participar no álbum Flower Boy, o que definitivamente ajudou a divulgar o nome e a música de Rex Orange County. Passados dois anos, em que lançou apenas alguns singles e pareceu estar menos ativo, Rex voltou com o terceiro álbum, em 2019. Pony é o mais recente projeto do artista, sem dúvida, promissor.
Alex era ainda um adolescente quando se estreou, em 2015, mas, na verdade, não podemos dizer que é muito mais velho agora. Com apenas 21 anos, é já a terceira vez que mostra ao mundo a sua música (e o seu talento). Em Pony, faz uma retrospeção sobre os últimos anos e fala também sobre ser mais velho. Mas, apesar de mais maturo, Rex Orange County continua a debater-se com alguns problemas que sempre o acompanharam ao longo do tempo, e não tem medo de falar sobre isso.
Tal como os outros dois discos, Pony é um álbum sincero e sentimental, porque Rex é um artista simples: escreve sobre o que sente e resulta tão bem. Lançado a 25 de outubro de 2019, o terceiro projeto de Rex apresenta alguns elementos novos e diferentes, principalmente a nível sonoro, mas a essência do artista continua lá. O álbum foi produzido por Rex Orange County e Ben Baptie, produtor que já esteve envolvido em bastantes álbuns, desde Amy Winehouse, U2 e Lana Del Rey, por exemplo.
Pony é um álbum a duas velocidades: as músicas vão alternando entre um ritmo rápido e outro mais calmo. Prova disso são as duas primeiras músicas, “10/10” e “Always”, com velocidades completamente diferentes entre si. E se, por um lado, a transição de ritmos podia ser mais suave em alguns momentos, por outro, confere mais dinâmica ao álbum. Além disso, a principal novidade que ouvimos em Pony é, sem dúvida, a diversidade de instrumentos e de sons. Saxofone, trompete, cordas, piano e percussão e ainda outros efeitos sonoros são comuns ao longo do álbum.
Assim, no terceiro longa-duração temos uma “paleta” musical mais variada, que num ou outro momento chega a ser demais, principalmente no que toca a efeitos sonoros. Exemplo disso, é a utilização de vocoder. Em algumas músicas, a voz de Rex é gerada artificialmente, o que era facilmente dispensável, visto que ela tem força para sobreviver sozinha. No entanto, a grande maioria do álbum é subtil, por isso Pony não peca pela sua diversidade sonora.
Tal como todos os outros álbuns, Pony tem um total de dez músicas, com diferentes ritmos e sonoridades. Em “10/10”, “Face to Face” e “Never Had The Balls”, as músicas mais ritmadas, somos impelidos a acompanhar a letra do início ao fim e a dar um pezinho de dança. Já em “Pluto Projector”, “Always” e “Every Way” ouvimos um Rex mais calmo, refletivo e também sentimental. Alex O’Connor é, sem dúvida, um romântico incurável que chega a fazer inveja a quem ouve as suas músicas. Mas o que se destaca mais em Rex Orange County é a sinceridade e a autenticidade das letras que compõe, comum a todos os álbuns, e muito presente na música “Stressed Out”. “Laser Lights” e “It Gets Better” são, muito provavelmente, as músicas que mais se distanciam da sonoridade do resto do álbum e das que mais ficam no ouvido.
A par do sentimentalismo, da retrospeção e da análise refletiva, saúde mental e instabilidade emocional são ainda temas abordados em Pony – e Rex não tem medo de falar sobre isso. Rex Orange County é honesto e autêntico, e conta-nos que para ele é difícil lidar com as emoções, mas deixa ainda a mensagem que pedir ajuda é normal. Pony termina com “It’s Not the Same Anymore”, a música mais longa do álbum, que se inicialmente parece triste, no final apresenta um twist. Alex conta que apesar do que muda ao longo do tempo, as mudanças nem sempre são para o pior, pelo contrário: “it’s not the same anymore, it’s better”.
Pony, o terceiro longa-duração de Rex Orange County, é um álbum que tanto nos fala sobre temas intemporais, como o amor, como de questões mais sensíveis, como saúde mental. Pony é também um álbum rico a nível sonoro, que se nos deixa mais reflexivos em determinados momentos, com sonoridades mais calmas, logo a seguir nos contagia com ritmos mais acelerados e animados e mensagens positivas. Alex O’Connor mostra a sua vulnerabilidade em Pony e quem ouve não fica indiferente.
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