"A jogar é que a gente se entende" é um café de jogos de tabuleiros, em Vila do Conde. Regressados de Inglaterra, Dina e Manuel Silva criaram um espaço que reúne jogos de tabuleiro, gastronomia e cultura.
A jogar é que a gente se entende é o único café no norte do país dedicado a jogos de tabuleiro. O espaço não tem Internet, nem televisão propositadamente. A ideia é promover a conversa e a interação entre as pessoas e as famílias – algo proporcionado pelos jogos de tabuleiros.
Segundo Manuel Silva, um dos proprietários do estabelecimento, "a cultura dos jogos de tabuleiro ainda é muito “tenrinha”, no nosso país. As pessoas ainda não estão habitadas a jogar, enquanto lá fora é mais comum". Ainda assim, quando regressaram a Portugal em março de 2018, Dina e Manuel decidiram arriscar e concretizar um sonho já “antigo”.
A ideia surgiu em Inglaterra, onde o casal esteve emigrado durante oito anos. O contacto com board game cafés permitiu recolher algumas ideias para aplicarem ao seu projeto, em Vila do Conde. O café é recente, tem cerca de um ano. Quando abriu, em outubro do ano passado, tornou-se o primeiro espaço no norte do país dedicado a jogos de tabuleiro.
Manuel Silva reconhece que, de uma forma geral, "este tipo de cafés ainda não são muito comuns, porque ainda não são uma necessidade para as pessoas". Manuel afirma também que, em Portugal, as pessoas acham que os jogos ou são para as crianças, ou envolvem dinheiro. Neste sentido, o casal reconhece que há uma “grande batalha para vencer”.
Mais de 1000 jogos à disposição
O café situa-se na Rua de Joaquim Maria de Melo, no centro histórico de Vila do Conde. Está aberto todos os dias, exceto à terça-feira. Quem entra despercebido, percebe facilmente que o espaço é dedicado a jogos de tabuleiro: no total, são 1020, e podem ser encontrados na “gruta dos jogos”, local onde são guardados.
A maioria pertence à coleção que Manuel foi acumulando desde a infância. Desde criança que partilha esta paixão e já na altura tinha um espaço, em sua casa, dedicado a jogos de tabuleiros. A coleção alargou quando em Inglaterra descobriu as meetups: grupos com o mesmo hobby que se encontram para debater gostos, ideias e, neste caso, para jogar jogos de tabuleiro. Apesar do grande volume que a coleção já tem, Dina e Manuel afirmam que “vai continuar a crescer”.
Como jogar?
Para jogar, há uma taxa de 2 euros por pessoa. Paga a taxa, os clientes podem jogar o que quiserem, durante o tempo que entenderem. Os jogos estão categorizados em quatro cores: verde, amarelo, vermelho e azul, de acordo com o nível de dificuldade e o número de jogadores.
Os jogos assinalados a verde são os mais acessíveis e fáceis; os amarelos exigem algum conhecimento prévio; os vermelhos são os mais difíceis e não são explicados, ao contrário dos outros, devido ao nível de complexidade e ao tempo de explicação que exigem. Por último, os jogos marcados a azul são adequados para dois jogadores.
Dina Silva afirma que existem, essencialmente, dois tipos de público no café: os que já estão familiarizados com jogos de tabuleiro, e os que conhecem vagamente, mas que têm interesse. Neste último caso, Manuel ajuda e aconselha as pessoas a escolher o jogo.
“Da música à comida”
A jogar é que a gente se entende não é só um café de jogos de tabuleiro, é um local com exposições de arte, programas de literatura para as crianças e também iniciativas gastronómicas. O espaço é decorado com exposições de artistas locais que vão alternando de dois em dois meses, cujos quadros podem ser adquiridos no próprio café.
Tal como Dina e Manuel dizem, o objetivo é “abranger o máximo possível, da música à comida”. Além destas, há outras iniciativas que pretendem cativar diferentes públicos e atrair mais pessoas, amantes, ou não, de jogos de tabuleiro.
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